Agora fico só rindo da esculhambação dele...
Subimos no primeiro dromedário que vimos...
... e entramos ainda mais no deserto.
Cruzamos a trilha utlizada pelo Paris-Dakar...
... e andamos mais de duas horas nos dromedários para dentro de deserto. Fomos quase na fronteira da Argélia.
Foi o calor mais intenso que já senti na vida. Levei uma garrafa de cinco litros de água para mim e outra para a Ana. Estava tão quente, tão quente, tão quente, que a água ficou na temperatura perfeita para misturar café solúvel e beber. Não estou exagerando. Eu não sabia que água poderia ficar tão quente sem fogo ou microondas.
Depois de duas horas nos dromedários subindo e descendo muitas dezenas de enormes dunas, você começa a rezar para o acampamento chegar logo.
Os berberes armaram mesas e tapetes para a gente no meio do deserto.
Ficamos em uma mesa com uma família engraçadíssima de Barcelona. Naquela noite rimos um bocado em volta de uma mesa... regados a muito chá de hortelã e comida berbere.
Um berbere ofereceu uns dromedários por uma das filhas do cara. Claro que o cara não topou... então ele ofereceu mais dromedários pela outra filha e ele também não quis, rindo.
No fim perguntou:
-Quantos dromedários você quer por sua esposa, então?
-Nenhum!
E o sacana perguntou sem nenhuma vergonha:
-Então ela é de graça?
Os berberes são engraçados e inteligentes. Quando contamos que pretendíamos descer para Mauritânia ele disse para não cometermos essa estupidez. Ele tinha um amigo que estava seqüestrado há mais de dez meses na região.
Realmente uma grande onda de seqüestros vem assolando a região entre Mauritânia, Mali e Níger. O Paris-Dakar não existe mais por causa dos extremistas da região. Nos dias que estivemos no Marrocos assassinaram um sequestrado após uma tentativa de resgate pelo exército francês junto com o exército mauritano. O bicho está pegando no noroeste da Africa e não faltaram conselhos para desistirmos de descer pela costa africana.
Depois, subimos uma duna enoooooooorme e ficamos lá em cima vendo aquele céu estrelado lindo. Uma noite sem lua, mal dava para ver as dunas... mas o céu, meu amigo... noooossssaaaa!
Nunca vi tanta estrela cadente na vida. Dezenas delas rasgando o céu a todo instante. Lindo, lindo, lindo. O deserto é como o oceano, lá no meião dele, de noite, as estrelas fazem um show espetacular.
Quando descemos as dunas, as camas estavam armadas e era só desabar ali e ver o céu ainda mais. Que maravilha! Juro que nunca mais vou esquecer daquele céu, daquela noite, daquele lugar.
Acordamos nos pés de uma duna de uns 60 metros e o único luxo era um espelho para as mulheres se pentearem.
O lance era montar em um dromedário, o mais cedo possível, e ralar fora antes do sol começar a fritar novamente.
A volta durou mais duas horas bastante calorosas.
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